Eu venho de uma cidade litorânea, Fortaleza. Durante toda a minha vida sempre parecia que independente de onde estivesse, estava a 15 minutos do mar e durante o único momento que tinha morado fora de casa, fui para Vancouver, uma cidade também litorânea.
Isso pode parecer irrelevante, mas quando me mudei para Londres, eu que sempre tive um senso de direção fraco, estava sofrendo ainda mais, pois nunca tinha percebido, mas sempre utilizei o oceano como ponto de referência.
Depois de um pouco de sofrimento, aprendi como resolver esse problema. Londres é dividida no meio pelo rio Tâmisa, e um prédio em específico pode ser visto de quase todo local de Londres. Decidi usar isso a meu favor e então estes se tornaram meus pontos de referência por toda cidade. O Tâmisa e o The Shard, onde por coincidência ou não, acabei indo trabalhar no verão.
Mas ainda assim, era importante saber se eu estava ao norte do rio ou ao sul (sim, eu era bem ruim de orientação) e claro, sabia que minha faculdade era ao norte e minha residência ao sul. O único momento que isso trocava, era quando passava por uma das várias pontes da cidade, sendo a mais comum de todas a Waterloo Bridge, ponte que conecta dois campus da minha faculdade.
Passar pela Waterloo Bridge sempre sinalizou para mim o início ou o fim de um dia, seja olhando para o parlamento e o London Eye de um lado, ou St. Pauls Cathedral e a City (um dos financial centers da cidade), onde os prédios nunca apagam. Naquele momento Londres, uma cidade de apressados, parecia parar. E o único movimento que se via era o das águas do rio.
Vivendo em Londres por algum tempo, você acaba passando por vários pontos turísticos, mas como bom apressado, por vezes acaba não apreciando o que esta cidade tem a oferecer. Depois de dois meses trabalhando no Shard, ao lado de London Bridge por exemplo meu amigo me chama para ir para a Torre de Londres, que é um castelo literalmente atravessando a ponte de onde eu trabalhava e que dava pra ver da minha mesa. Eu sequer sabia que isso existia. Mas é claro, estava pegando o metrô para ir para o trabalho e não passava pela ponte.
Recomendo a todos que estejam visitando Londres a passar pelas pontes, se possível a pé e evitar o metrô ao máximo, pois acredite ou não a cidade é bem mais bonita por cima. Digo também um breve tchau a Inglaterra que tem sido minha casa por um ano e meio, pois estarei indo dia 15 de janeiro para Hong Kong, fazer intercâmbio por um semestre na Universidade de Hong Kong.
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